Audiência pública na ALEP visa quebrar o silêncio sobre a saúde da mulher no climatério

Discussão expôs como a desinformação sobre o climatério e a menopausa ainda afasta milhares de mulheres do cuidado e do acolhimento adequados
Uma audiência pública recente na Assembleia Legislativa do Paraná (ALEP) colocou em foco um tema ainda pouco discutido, mas central para a saúde feminina: o climatério. A iniciativa foi proposta pela deputada Mabel Canto (PP), líder da Bancada Feminina, ao lado de outros parlamentares e especialistas, com o objetivo de ampliar o debate e combater a desinformação sobre essa fase de transição entre o período reprodutivo e o não reprodutivo da mulher.
Durante o debate, a deputada Mabel destacou que muitas mulheres desconhecem o que é o climatério e, por isso, acabam sem o acompanhamento necessário. Ela relembrou a recente sanção da Lei nº 22.478, que estabelece prioridade à atenção à saúde no climatério no Paraná, com foco em campanhas, assistência e pesquisas. Ela reforçou a necessidade de comunicar e informar as mulheres, para que o tema deixe de ser um tabu e se torne um assunto de autocuidado e política pública”.
Sintomas invisíveis, impactos reais
Segundo Alexandra Ongaratto, médica especializada em ginecologia endócrina e climatério e Diretora Técnica do Instituto GRIS, o primeiro Centro Clínico Ginecológico do Brasil “muitas mulheres chegam ao consultório achando que estão em uma ‘crise da meia idade’, sem entender que estão atravessando uma fase biológica legítima e previsível”. Para a especialista, nomear corretamente o que acontece no corpo feminino é um ato de reconhecimento. “Quando entendemos o climatério como um processo natural, conseguimos acolher melhor a mulher e oferecer soluções baseadas em ciência, não em estigmas”.
Dados apresentados pela médica reforçam essa urgência. Segundo um estudo multicêntrico internacional realizado em diversos países, incluindo o Brasil, apenas 28% dos entrevistados consideram a menopausa algo positivo, e dois terços afirmam que seus sintomas não são levados a sério. O levantamento da pesquisa Experiência e Atitudes na Menopausa, pela farmacêutica Astellas, também revelou que 79% das pessoas acreditam que a sociedade valoriza mais a juventude do que a experiência e sabedoria feminina.
A desinformação, segundo Alexandra, se reflete diretamente no mercado de trabalho. “Cerca de metade das mulheres relata queda de desempenho durante essa fase, mas quase nenhuma se sente confortável para falar sobre isso”, pontuou. Os números indicam que apenas 29% conversam com seus gestores sobre o tema e 80% dizem não receber apoio suficiente nas empresas.
Estigma e ciência
Na audiência também foi abordado o aspecto fisiológico do climatério. A queda progressiva do estrogênio afeta o cérebro (órgão com alta concentração de receptores hormonais) e repercute em sintomas como fadiga, lapsos de memória, ansiedade e insônia. A falta de acompanhamento adequado pode ainda aumentar o risco de AVC, declínio cognitivo precoce e fraturas osteoporóticas.
Para a médica, reconhecer a individualidade de cada mulher e facilitar o acesso a terapias seguras são passos essenciais. “Tratar na janela correta, entre sete e dez anos da transição menopausal, salva vidas e preserva qualidade de vida. A informação é a maior arma que temos”, concluiu. A audiência pública representou mais um passo importante para fortalecer a discussão sobre o climatério no Paraná, evidenciando a necessidade de políticas públicas, conscientização e apoio efetivo às mulheres em todas as fases da vida.
Instituto GRIS
O Instituto GRIS tem como compromisso priorizar o bem-estar e a saúde feminina. Sediado em Curitiba, é pioneiro como o primeiro Centro Clínico Ginecológico do Brasil, agregando as mais avançadas tecnologias para o cuidado da saúde íntima feminina. Seu enfoque abrangente e especializado combina inovação e dedicação, ajudando as mulheres a assumirem o protagonismo em suas jornadas de saúde.