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Pesquisa internacional aponta as principais barreiras para discussão e tratamento adequado da menopausa

Estudo aponta os maiores desafios enfrentados na menopausa em diferentes áreas da vida; ginecologista comenta a importância de discutir os impactos desse período


Foto: Envato

Mulheres em todo o mundo enfrentam barreiras invisíveis, mas profundas, ao atravessar o climatério e a menopausa; obstáculos que vão muito além das mudanças físicas e emocionais. Estigma, desinformação, preconceito no trabalho, falta de acolhimento na família e falhas no atendimento médico compõem um cenário que ainda silencia e isola muitas delas. É o que revela o artigo “Barriers to the safe discussion of the experience and management of menopausal symptoms: A systematic literature review”, publicado recentemente no Maturitas Journal, que apresenta um panorama global das principais barreiras para a discussão e o tratamento adequado da menopausa.

O estudo aborda cada uma das áreas afetadas individualmente e depois traz uma análise de como os problemas enfrentados em diferentes âmbitos da vida dessas mulheres acabam se interligando e reforçando-se mutuamente. 

Alexandra Ongaratto, médica especializada em ginecologia endócrina e climatério e Diretora Técnica do Instituto GRIS, o primeiro Centro Clínico Ginecológico do Brasil, destaca que esse tipo de levantamento é fundamental porque mostra que a menopausa não deve ser vista apenas como uma questão biológica.

"Os impactos aparecem em várias áreas da vida da mulher, no trabalho, na família, nas relações sociais e até na forma como ela é atendida nos serviços de saúde. Quando entendemos essa complexidade, conseguimos oferecer um cuidado mais completo e acolhedor", explica. 

A seguir, veja quais são essas barreiras e de que forma elas afetam a vida das mulheres passando pela menopausa. 

Barreiras individuais 

Frequentemente, associam a menopausa com a perda de feminilidade, declínio funcional e envelhecimento acelerado, o que acaba tornando o processo de aceitação mais difícil e doloroso. Esse estigma se expressa em preconceitos internalizados, no receio de parecer velha e menos atraente e na esquiva de abordar o tema em espaços públicos. 

Com isso, vêm a negação ou a minimização dos sintomas, na tentativa de fugir de rótulos pejorativos ou associações com fragilidade e dependência. Tal ação acaba dificultando a busca por apoio e compartilhamento de experiências, aumentando o isolamento social.  

Além disso, muitas mulheres acabam associando os sintomas da menopausa com outras condições (ex: doenças cardiovasculares, distúrbios mentais) ou com mudanças atribuídas ao envelhecimento fisiológico, o que dificulta a identificação e reconhecimento precoce. 

"Esse processo de viver a menopausa de forma silenciosa, carregado de estigmas, gera muito sofrimento. Muitas pacientes chegam até nós sem compreender que determinados sintomas estão relacionados à menopausa, ou acreditando que precisam apenas ‘aguentar’. É fundamental desmistificar esse período, para que as mulheres possam reconhecer seus sinais e buscar apoio sem medo ou vergonha", enfatiza a médica. 

Barreiras sociais e familiares 

Quando o assunto é menopausa, geralmente há uma limitação muito grande de compreensão por parte de parceiros e amigos, que adotam atitudes de esquiva, humor, estigma ou minimização dos sintomas. Essas atitudes acabam fragilizando o vínculo emocional e a comunicação. 

Fazer piadas ou banalizar os sintomas torna essa experiência invisível, enquanto barreiras religiosas e sociais, especialmente em contextos patriarcais, limitam a liberdade de falar sobre sexualidade e saúde reprodutiva.  

Outro ponto preocupante é a falta de diálogo entre gerações, como entre mães e mulheres mais velhas, com conversas superficiais ou inexistentes, muitas vezes focadas na “normalização” do processo inevitável da menopausa, deixando as mulheres despreparadas e sem espaço para compartilhar experiências. 

E por fim, há o problema nas redes de amizade. O apoio entre amigas é muito importante, mas costuma acontecer apenas entre mulheres que têm idade, realidade social e experiências parecidas. Isso acaba limitando a variedade de pontos de vista e restringe a possibilidade de aprender com vivências diferentes. 

Barreiras culturais e informacionais 

A desinformação, os mitos e as ideias equivocadas sobre as causas, consequências e formas de lidar com a menopausa dificultam a compreensão do que realmente acontece nesse período e reforçam crenças que podem prejudicar a saúde e o bem-estar das mulheres. 

E também, a falta de materiais educativos adaptados ao contexto cultural e linguístico das mulheres amplia ainda mais essa lacuna de conhecimento, tornando o acesso à informação correta e útil ainda mais limitado. 

"A falta de informação correta e de materiais educativos adaptados à realidade de cada mulher faz com que mitos e ideias equivocadas se perpetuem. Isso não só dificulta a compreensão do que realmente acontece no corpo durante a menopausa, como também pode levar a escolhas de cuidado inadequadas", alerta a ginecologista. 

Barreiras no trabalho 

A falta de apoio no ambiente de trabalho é uma das barreiras mais significativas enfrentadas por mulheres na menopausa. Empregadores e colegas, muitas vezes, adotam atitudes críticas, fazem comentários que expõem os sintomas de forma constrangedora ou simplesmente demonstram indiferença diante do tema, algo ainda mais comum em espaços profissionais dominados por homens e pessoas mais jovens. 

O receio de ser alvo de estigma, de perder o emprego ou de enfrentar dificuldades para conseguir uma nova contratação faz com que muitas mulheres optem por silenciar seus sintomas e evitar falar abertamente sobre suas necessidades nessa fase. 

Além disso, as políticas institucionais raramente se atentam em apoiar mulheres na menopausa. A baixa representatividade feminina em cargos de liderança contribui para que o tema continue sendo negligenciado e pouco discutido dentro das organizações. 

Barreiras no sistema de saúde 

Muitas mulheres relatam experiências insatisfatórias com profissionais de saúde. A ausência de vínculo, somada a uma abordagem frequentemente paternalista, faz com que a escuta seja limitada e as necessidades da paciente acabem sendo deixadas de lado.  

Somado a isso, as práticas clínicas costumam ser inconsistentes. Há uma grande variação na oferta de terapia hormonal, que em alguns casos é recusada sem justificativa adequada. 

Essas falhas estão ligadas tanto à deficiência na formação médica quanto à falta de uma abordagem sensível aos aspectos culturais e psicológicos envolvidos. Como consequência, muitas mulheres recebem informações incompletas ou até equivocadas e não têm o acompanhamento adequado durante esse período.

Como enfrentar essas barreiras? 

Segundo Alexandra Ongaratto, enfrentar as barreiras relacionadas à menopausa começa com o acesso a informações confiáveis sobre o período. Ela ressalta a importância de entender os sintomas e de reconhecer quando buscar orientação médica especializada. 

"É essencial que cada mulher se sinta segura para falar sobre o que está vivenciando e buscar ajuda sem medo ou vergonha", destaca a médica.

A ginecologista também enfatiza que compartilhar experiências com outras mulheres que estão passando pelo mesmo momento da vida ajuda a reduzir o isolamento e fortalece a rede de apoio, promovendo um ambiente mais acolhedor e inclusivo.

Além disso, Alexandra destaca que cada mulher vivencia a menopausa de maneira única, e conhecer as diferentes opções de tratamento, incluindo terapias hormonais e estratégias não farmacológicas, é fundamental para tomar boas decisões e garantir cuidado completo do corpo e da mente.

Instituto GRIS

O Instituto GRIS, tem como compromisso priorizar o bem-estar e a saúde feminina. Sediado em Curitiba, é pioneiro como o primeiro Centro Clínico Ginecológico do Brasil, agregando as mais avançadas tecnologias para o cuidado da saúde íntima feminina. Seu enfoque abrangente e especializado combina inovação e dedicação, ajudando as mulheres a assumirem o protagonismo em suas jornadas de saúde.

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